COVID-19 torna europeus mais “adeptos” da vigilância digital e da utilização dos seus dados

A conclusão consta de um relatório que analisou também a realidade em Portugal e que demonstra que os europeus, como também cidadãos da China, EUA e México, apoiam agora de uma forma mais evidente este tipo de sistemas.

Apesar das várias preocupações que se têm levantado em plena pandemia com o excesso de vigilância digital, a COVID-19 fez com que os europeus apoiassem cada vez mais a vigilância estatal e a utilização de dados no combate ao vírus. Estas são algumas das conclusões de um relatório do Center for the Governance of Change da Universidade IE, em Espanha, numa investigação que analisa a forma como os cidadãos se sentem em relação à quarta revolução industrial, entre os quais Portugal.

Antes da pandemia ser uma realidade, 53% dos europeus acreditavam que os governos não deveriam compartilhar registos de saúde dos cidadãos com empresas como a Google sem o seu consentimento prévio. Isto mesmo que isso ajudasse a desenvolver novos tratamentos e a detetar mais precocemente patologias. No entanto, o que se verificou é que nos últimos três meses as preocupações com a privacidade diminuíram.

Em Espanha e Itália, países que foram mais afetados inicialmente com a pandemia, a maior parte dos cidadãos, 79% e 67%, respetivamente, defendem a implementação de sistemas de rastreamento restritivos, como os implemetados na China. Da mesma forma, o número de cidadãos disposto a reduzir a sua privacidade com sistemas mais vigilantes através de circuitos fechados de televisão ou das redes sociais por parte dos governos também sofreu um aumento nos últimos meses. Esse crescimento foi mais evidente na Itália, 15%, 7% nos Estados Unidos e 4% em Espanha.

Fora da Europa, 69% dos americanos e 51% dos chineses discordavam em compartilhar dados pessoais antes da pandemia. Desde janeiro esses valores diminuiram 10 pontos percentuais desde janeiro.

“Anti-automação” cresce com a pandemia de COVID-19

O relatório demonstra ainda que a COVID-19 aumentou os sentimentos “anti-automação”. No entanto, de notar uma “divisão geracional notável” em relação às perceções sobre a limitação da automação para salvar empregos.

Depois do início da pandemia, o apoio à limitação da automação quase duplicou na China, de 27% para 54%. Em Espanha, o aumento também foi notório, com um crescimento de 14% em meados de abril.

A maioria das pessoas com menos de 55 anos apoia a limitação da automatação, uma realidade um pouco diferente em relação aos mais velhos (49% contra e 32% a favor). Ao mesmo tempo, a maioria dos europeus mostram-se confiantes com as suas capacidades e consideram que os robots e computadores não serão capazes de fazer o seu trabalho melhor do que eles nos próximos dez anos. Esta ideia é mais prevalecente nas gerações mais velhas.

Designado por European Tech Insights 2020, a segunda edição do relatório explora ainda a forma como cidadãos europeus olham para o papel que as empresas de tecnologia desempenham na sociedade, em comparação com os Estados Unidos, China e México. No total, foram entrevistados cerca de 2.800 pessoas em todo o mundo.

Numa altura em que Portugal se prepara para implementar a STAYAWAY COVID, a Associação pela Defesa dos Direitos Digitais (D3) lançou na semana passada o rastreamento.pt, que pretende ajudar a compreender estas aplicações e esclarecer a decisão de as instalar ou não. Isto porque considera que as questões sobre estas soluções não estão a ser respondidas.

Um dia antes desse lançamento, um estudo dava conta de que os portugueses estão disponíveis para usar app de vigilância no combate à COVID-19. Os resultados do inquérito indicam que, se houver uma segunda vaga de infeção com o novo coronavírus, 61% dos portugueses concordava com a utilização de uma solução de vigilância por telemóvel.

Fonte: Sapo Tek

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